Escrevendo em Missionary Magazine (11: 302, julho, 1899). Friedrich Stuhlman faz referência ao "Irmão Kinder, que veio para o Brasil em l878 como ministro da Stangnofski (Stangnowsky) (Saboath-keeping) church. Junto de Kinder havia outros que "observavam o sábado do Senhor, como resultado do (seu) trabalho". Muitos anos depois, estes guardadores do sábado foram alcançados pelos missionários ASD, e especialmente Kinder, "embora já idoso e privado da visão", tornou-se um fervoroso defensor.
Penetração da mensagem adventista no Brasil
1. A obra de publicações
A mensagem adventista penetrou no Brasil através da obra de publicações. Elas chegaram no porto de Itajaí, Santa Catarina, em 1879.
a) A razão para a vinda de literatura adventista para o Brasil deu-se por causa de um jovem alemão chamado Burchard, que tendo violado" uma lei local, fugiu ao Brasil, como passageiro clandestino de uma embarcação alemã.
b) Descoberto enquanto o navio se encontrava na direção da Europa, foi obrigado a trabalhar para pagar sua passagem.
Viajavam no navio dois missionários adventistas que começaram a conversar com ele. Estes missionários começaram a perguntar-lhe sobre o interesse religioso e atividades entre as pessoas da sua comunidade. Elas souberam que os Luteranos eram muito ativos na evangelização dos imigrantes alemães, especialmente os de Santa Catarina. Obtendo de Burchard o endereço de seu padrasto, Carlos Dreefke, que morava em Brusque, eles decidiram enviar-lhe publicações adventistas.
c) Passaram-se quase dois anos ate que Dreefke recebesse o pacote de literatura. O pacote foi-lhe entregue, enquanto estava no armazém de David Hort. Segundo o relato de Adolf, filho de Hort, que na época tinha 9 anos de idade, Dreefke ficou relutante em abrir o pacote, que ele não havia encomendado. Contudo, mediante a insistência de Hort ele abriu e encontrou dez números do periódico adventista Stimme der Wahrheit ("Voz da Verdade"), impresso em Battle Creek, Michigan. Dreefke guardou um exemplar e deu o restante para Hort e outros. Como resultado dez famílias interessaram-se nos ensinos adventistas e pediram sais informação.
a) Como o pedido de literatura começou a aumentar, Dreefke passou a ficar com medo de que os custos da literatura recaíssem sobre ele, mas um homem chamado Chikrevitowski, ofereceu-se para assumir as responsabilidades. Com o passar do tempo, o interesse de Chikrevitowski desapareceu.
e) Mais tarde Friedrich Dressel, filho de um ministro luterano, assumiu a responsabilidade pelo pagamento das publicações.
(1) Ele viera para o Brasil após ter sido expulso de seu lar porque havia ingerido bebida alcoólica.
(2) Tendo se estabelecido em Brusque ele passou a lecionar numa escola primária. A fim de prover recursos para sustentar o seu vício da bebida, ele buscou suplementar seus rendimentos com a venda de livros e revistas. Conta-se que suas mãos eram tão trêmulas que muitas vezes ele deixava cair dentro de casa, no comercio, na rua, os livros e revistas adventistas que recebia.
(3) Muitas revistas, após terem sido lidas, eram usadas para embrulhar mercadorias, o que permitiu que outras pessoas lessem as publicações adventistas.
(4) Parece que associado com Dressel havia um certo Wilhelm Verwiebe, pois assinou uma carta com Dressel pedindo mais publicação adventista.
(5) Dressel continuou a.pedir mais literatura, de maneira que muitas publicações adventistas foram espalhadas entre os moradores de Brusque e arredores.
2. Primeiros conversos entre os imigrantes alemães
a) Guilherme Belz foi a primeira pessoa a guardar o sábado como resultado da influência da literatura adventista espalhada na região. Era um imigrante alemão, residente em Gaspar Alto, Santa Catarina.
(1) Enquanto visitava seu irmão próximo a Brusque ele entrou em contato com o livro Gedanken über das Buch .Daniel ("Considerações Sobre o Livro de Daniel”) de Uriah Smith, que seu irmão havia adquirido de Dressel.
(2) Com a leitura Bela impressionou-se com o capítulo:
"O Papado muda o sábado". Este título fez que se lembrasse de sua juventude na Alemanha, quando ao ler a Bíblia, ele percebeu que somente o sábado era mencionado, embora sua mãe e seu pastor tenham explicado que Cristo fizera a mudança..Ele estudou o tema com dedicação a ponto de não ter mais dúvidas. De modo que lá pelo início de 1890, ele e sua família começaram a observar o sábado. Logo um bom número de vizinhos seus, entre eles os Olm, Look, e Thrun, além de outros.
3. Primeiros missionários a virem para o Brasil
a) De acordo com fontes históricas seguras, o primeiro adventista a visitar o Brasil foi L.C. Chadwick que permaneceu na cidade do Rio de Janeiro por varias semanas em agosto de 1892.
b) Em maio de 1893, veio o primeiro colportor adventista, Albert B. Staufer, seguido logo por E.W. Snyder e C.A. Nowlen, inicialmente enviado dos EUA para vender publicações adventistas no Uruguai e Argentina, e Lionel Brooking, um dos seus conversos de Buenos Aires.
(1) Stauffer trabalhou primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul (1894) e Espírito Santo (1895). Ele vendeu livros em inglês e alemão, porque nesta época não havia publicações adventistas em português.
(2) No Rio Grande do Sul ele vendeu o livro Patriarcas e Profetas a Germano Preuss, proprietário de um hotel em Taquarí, que foi balizado com sua esposa Claudina em 1897.
(a) Quando os primeiros missionários vieram para o Rio Grande do Sul, faziam do seu lar o ponto de parada. Seu lar também tornou-se o centro para o evangelismo para o Rio Grande do Sul.
(b) Em Taquarí foi fundada a primeira escola missionária e a primeira casa publicadora.
(c) Leopoldo, filho de Germano Preuss, tornou-se obreiro, e serviu por 58 anos, vários deles, como obreiro da Casa Publicadora Brasileira.
(3) No Espírito Santo, Stauffer vendeu muitos livros na colônia alemã de Santa Maria. O primeiro batismo foi realizado em 1895.
(a) Mais tarde, os.primeiros adventistas deste Estado mudaram-se para Serra Pelada, no município de Afonso Cláudio, onde foi estabelecida a maior igreja, dentre as igrejas pioneiras no Brasil.
b) Na Casa do Marinheiro, Rio de Janeiro, Snyder encontrou-se com Alberto Bachmayer, um jovem marinheiro alemão que alguns meses atrás havia-se tornado um cristão, enquanto estava em Liverpool, Inglaterra.
(1) Após persuadir Bachmeyer a aceitar a fé adventista, Snyder instruiu-o na arte de vender livros. Embora ainda não fosse balizado, Bachmeyer logo começou a colportar em várias cidades do Estado de São Paulo, entre elas, Indaiatuba, Rio Claro, e Piracicaba, onde vendeu livros e revistas, principalmente em alemão, encontrando grande aceitação.
(2) Entre aqueles que mais. tarde tornaram-se adventistas como resultado da leitura destas publicações estava Guilherme Stein Jr, e sua família, Guilherme e Paulina Meyer, e Guilherme Stein III e sua família.
(a) Stein III, que tinha sido um metodista convenceu-se da mensagem adventista após a leitura de Der Grosse Kampf (O Grande Conflito), de Ellen G. White.
(b) Guilherme Stein Jr. abandonou suas atividades seculares e começou a lecionar no Colégio Internacional de Curitiba, e a Escola Missionária de Gaspar Alto.
(c) Sm 1900, ele foi para o Rio de Janeiro, onde ele publicou nossa primeira revista missionária, O Arauto da Verdade, e em 1919, a "Sociedade Internacional de Tratados no Brasil", publicou o primeiro livro adventista escrito por um brasileiro, O Sábado.
d) Em 1894, devido a crescente pedidos de publicações denominacionais, a AG enviou W.H. Thurston e sua esposa para fundar uma livraria no Rio de Janeiro.
(1) Sem receber nenhum salário da denominação, ele vendeu livros, mas sendo incapaz de falar português, e sem saber nada, ele foi obrigado a colportar com livros em inglês e alemão.
(2) Por esta época, a cidade tinha um milhão de habitantes. Foi um período de provas para o casal, que chegou a passar fome, mas o Senhor proveu-lhes as necessidades. Numa ocasião, um missionário de outra denominação, sem ter-lhes perguntado qualquer coisa, enviou dinheiro para o casal, dizendo: "Aqui está um pouco de dinheiro. Vocês podem gastá-lo. Paguem só quando eu solicitar".
Mais tarde ele disse: "Deus disse-me que desse esse dinheiro porque vocês estavam precisando dele".
a) Sm 1894, Bachmeyer vendeu livros em Santa Catarina e lá descobriu guardadores do sábado em Brusque e Gaspar Alto.
(1) Bachmeyer informou Thurston a respeito dessas pessoas interessadas e Thurston escreveu para R. H. Westphal, que recentemente havia vindo para a Argentina dos EUA para visitar alguns interessados. Chegou no Rio de Janeiro em fevereiro de 1895.
(2) Do Rio de Janeiro, Westphal e Stauffer partiram para uma viagem pelo interior de São Paulo e Santa Catarina.
(a) Em março de 1895, na cidade de Piracicaba, o pastor Westphal realizou o primeiro batismo no Brasil, quando foi batizado Guilherme Stein Jr.
(b) No dia 5 de junho de 1895, o pastor Westphal batizou oito pessoas, e 5 kilometros de Brusque, três dias mais tarde, ele balizou 15 pessoas em Gaspar Alto.
(c) Guilherme Belz e sua esposa participaram deste batismo, sendo que quatro gerações de obreiros provieram desta família. Também foi balizado o colportor Bachmeyer, que ainda não tivera a oportunidade de balizar-se.
(d) Embora a primeira igreja regular adventista a ser organizada tenha sido a de Gaspar Alto, houve uma igreja organizada no Rio de Janeiro antes desta, mas era composta apenas de obreiros.
(e) No final de 1895 tinham sido balizadas 35 pessoas no Brasil. Todos os conversos eram de origem alemã por nascimento, descendência alemã ou pessoas que falavam alemão.
4. Primeiros conversos brasileiros
Guilherme Stein Jr. foi o primeiro adventista de nascimento a ser batizado. Outros converteram-se pela mesma época.
5. A primeira igreja organizada
A fim de cuidar do crescente número de pessoas que se convertiam no Brasil, a AG enviou Huldreich F. von Graf, nascido na Alemanha, e que havia servido como ministro em Minnesota, EUA, para dirigir o Campo Missionário do Brasil.
a) Em Gaspar Alto, fevereiro de 1896, Graf organizou a prime ira igreja, entre os irmãos convertidos.
b) Em vários grupos foram organizadas Escolas Sabatinas, que mais tarde tornaram-se igrejas organizadas, como: Nao-me-Toque e Taquarí no Rio Grande do Sul; Joinvile em Santa Catarina; Curitiba no Paraná; Rio Claro em São Paulo; Teófilo Ottoni em Minas Gerais.
1. Associação Brasileira
O Brasil funcionou como missão até 1902. A Associação Brasileira foi organizada em Gaspar Alto, 10-20 de maio de 1902, com H.F. Graf como presidente, A.B. Stauffer, secretário-tesoureiro e Johanne Rebling, secretario da Escola Sabatina.
2. Reorganização em quatro partes
A União-Associação Sul-Americana foi organizada em Paraná, Entre Rios, Argentina, a 15-25 de março de 1906. Pouco depois, em 1906, a Associação Brasileira, que fazia parte da União Sul-Americana dissolveu-se e foi dividida em quatro partes: duas associações, Rio Grande do Sul e Santa Catarina-Paraná; e duas missões. São Paulo e Norte do Brasil.
a) A Associação Rio Grande do Sul foi organizada a 15 de abril de 1906, com sede na cidade de Taquarí, com a seguinte administração: H.F. Graf, presidente; Abel L. Gregory, vice-presidente; A. Page s, secretário-tesoureiro, Miona Graf, secretária da Escola Sabatina.
b) A Associação Santa Catarina-Paraná foi organizada entre 12-15 de maio de 1906, com sede em Gaspar Alto, com os seguintes oficiais: Waldemar Ehlers, presidente; Mary Ehlers, secretária-tesoureira e departamento da Escola Sabatina.
c) A Missão São Paulo foi estabelecida em 1906, na cidade de Rio Claro, tendo Emílio Hoslzie como presidente; e Guilherme Stein como secretário-tesoureiro.
d) A Missão Norte do Brasil, foi fundada em 1906, no Rio de Janeiro, com Frederico W. Spies, presidente.
3. A Associação dos Adventistas do Sétimo Dia no Brasil
A Associação dos Adventistas do Sétimo Dia no Brasil, como organização legal foi fundada em 18 de julho de 1907, na sala de culto da igreja de Rio Claro, São Paulo. Seus estatutos foram publicados no Diário Oficial de São Paulo, em 24.
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